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Dor na coluna cervical

A dor na coluna cervical, também chamada de dor no pescoço, cervicalgia ou até torcicolo, é muito frequente na população em geral. A maioria das pessoas acaba tendo algum sintoma semelhante em algum momento da vida. Quando irradia para os braços é chamada de cervicobraquialgia e merece um pouco mais de atenção.

      Em grande parte dos casos é uma condição benigna e auto-limitada, isto é, de resolução espontânea em alguns dias. Os sintomas mais comuns são dor e rigidez no pescoço, podendo ou não irradiar para a região dos ombros e braços. Muitas vezes associamos a alguma postura errada após dormir ou até mesmo mudanças de temperatura como o uso de ar condicionado. Esses fatores podem ou não estar associados, entretanto muitas vezes existe algum tipo de doença degenerativa da coluna presente. A definição de doença degenerativa é qualquer tipo de desgaste osteo-articular presente e que frequentemente aumenta com o passar dos anos.

    

A coluna cervical tem a característica de ser muito flexível em todos os eixos, isso permite uma boa mobilidade da cabeça nos movimentos de girar, inclinar para os lados, flexionar para frente e estender para trás. Cada vez que realizamos esses movimentos, as articulações da coluna devem trabalhar de forma estável e harmônica. Essas articulações ou “juntas” devem permitir amplo movimento, mas também devem auxiliar na proteção do conteúdo interno da coluna, o tecido nervoso (medula espinhal). Entre duas vértebras cervicais (ossos da coluna) existe uma estrutura mais flexível chamada disco intervertebral. Essa estrutura, além de auxiliar na mobilidade entre as vértebras tem a função de “amortecedor” e de “estabilizador” no conjunto de vértebras. Por ser uma estrutura menos rígida e mais móvel do que o osso, desgaste (degeneração) pode ocorrer no disco com o passar dos anos. A medida que esse desgaste aumenta, o disco tende a ficar mais fino (diminuir em altura - desidratação) e até mesmo se deslocar do seu local habitual entre duas vértebras. Esse fenômeno pode ser o desencadeador da dor cervical e até mesmo da dor que irradia para o braço se houver algum tipo de compressão neurológica associada.

 

    Da mesma forma, as vértebras (ossos) podem sofrer o desgaste, e nesse caso temos graus variados de degeneração da cartilagem (estrutura que permite aos ossos deslizarem entre si), inflamações (artrites) e alterações no formato ósseo (artrose). Essas degenerações podem levar a um tipo particular de dor nas articulações da coluna, também conhecida como dor facetária. Todas essas alterações degenerativas do disco e do osso são irreversíveis, porém elas podem ser controladas e evitadas se adequadamente tratadas.

     A medida que envelhecemos os ossos tendem a sofrer alterações em seus formatos. Na coluna essas alterações podem criar alguns “osteófitos” (os famosos “bicos de papagaio”). Esse é um processo natural em todas as pessoas e é uma tentativa da coluna estabilizar o excesso de movimento que pode ocorrer com o desgaste dos ligamentos, desgaste dos discos e diminuição da massa muscular. A presença desses osteófitos ocupa espaço e pode comprimir áreas onde estão presentes estruturas nervosas, causando dor. Além da dor, pode haver dormências, formigamentos e até fraqueza. A esse processo de formação de osteófitos e diminuição do espaço para as estruturas nervosas, damos o nome de “estenose”.

     Já na hérnia de disco, o processo também é degenerativo, porém temos duas camadas do disco que sofrem desgastes diferentes. Uma mais externa chamada “ânulo fibroso”, um tipo de “capa” ao redor do disco. E outra mais interna chamada “núcleo pulposo”, um conteúdo maior e mais flexível (como um gel). Com o desgaste do disco, começa a ocorrer fissuras no ânulo fibroso até o seu rompimento com consequente deslocamento desse gel. Esse processo geralmente leva meses e anos para acontecer e pode gerar dor cervical desde a fase inicial de fissura do ânulo fibroso até a herniação do disco, com consequente dor no trajeto do nervo que pode estar sendo comprimido. Nesses casos o problema é chamado de cervicobraquialgia.

 

    Normalmente a estenose cervical (diminuição do espaço) e a espondilose cervical (artrose) ocorrem em faixas etárias acima dos 45-50 anos. Já as doenças do disco são mais frequentes em pessoas entre 20 e 45 anos. É nesta fase que o disco está mais flexível (hidratado e mole). A boa notícia é que a maioria das hérnias de disco podem resolver ou diminuir espontaneamente com o tempo. Uma minoria dos casos pode persistir, causando sintomas prolongados de dor e até problemas neurológicos. Nesses casos pode ser necessário o tratamento cirúrgico. Casos mais raros de infecção também podem estar presentes e sempre avaliados prontamente por um médico. Nesses casos podem estar associados sintomas de febre e rigidez de nuca.

 

    Sempre procure atendimento médico se a dor ou sintomas relacionados persiste por mais de alguns dias e procure atendimento imediato, se você tem dor no pescoço com qualquer um dos seguintes sinais de emergência: febre, sensibilidade à luz, irritabilidade, dormências, fraquezas, formigamentos, sinais de cervicobraquialgia persistente e após traumatismos da cabeça ou do pescoço.

O que pode estar causando minha dor cervical / cervicalgia?

  • Vida Diária: Estresse e tensão emocional podem causar contraturas musculares, levando a dor e rigidez. Você pode dormir mal e acordar com um torcicolo devido a uma má postura por muitas horas. A postura no trabalho, em frente ao computador, pode gerar um torcicolo. Além disso má postura no carro e em casa no sofá podem levar a contraturas.

 

  • Idade: doenças degenerativas como já mencionado, tais como espondilose/artrose, estenose e hérnias de disco.

 

  • Lesões e Acidentes: Um movimento súbito da cabeça ou pescoço, em qualquer direção. Movimentos repetitivos. Os músculos reagem contraindo e relaxando, criando fadiga muscular que resulta em dor e rigidez. Em alguns casos, causa cervicalgia crônica.

 

  • Outros Transtornos: doenças reumatológicas, neoplasias, infecções, etc.

 

 

 Como devo tratar minha dor cervical / cervicalgia / torcicolo?

  • Primeiramente você deve obter um diagnóstico preciso do que está causando sua dor. Durante sua visita ao profissional da área, o seu médico ou especialista em coluna fará perguntas e realizar alguns exames básicos. Isso é para tentar identificar a causa de sua dor e elaborar um plano de tratamento para você. Primeiro, o médico irá perguntar sobre seus sintomas atuais e os remédios que você já fez uso. Seu especialista em coluna também vai realizar exame físico e neurológico. No exame físico, o médico irá observar sua postura, amplitude de movimento e condição física, observando qualquer movimento que lhe causa dor. O seu médico irá palpar sua coluna, observar a sua curvatura e alinhamento, e sinais de espasmo muscular. Também irá verificar a região dos ombros.
    Durante o exame neurológico, o especialista em coluna irá testar seus reflexos, força muscular, outras alterações nervosas, e a irradiação da dor (por exemplo, se a dor se move para seu braço e  sua mão). Pode ser necessária a solicitação de exames complementares como: radiografia, tomografia, ressonância.

  • Geralmente as radiografias são exames de triagem iniciais e podem mostrar espaços reduzidos no nível dos discos, osteófitos e estenoses, fraturas e desgaste osteo-articular. Problemas de alinhamento da coluna também são bem visualizados. A tomografia é um exame que dá uma definição melhor das estruturas ósseas e pode ser solicitado em casos de fraturas. Finalmente a ressonância magnética pode demonstrar com bastante nitidez acometimentos do disco, dos nervos, ligamentos e músculos. Em alguns casos de investigação de distúrbios neurológicos, pode ser necessário um exame chamado eletroneuromiografia. Esses são os exames mais comuns que podem ser solicitados em dor cervical, porém existem muitos outros que são utilizados em alguns casos específicos (cintilografia, PET-Scan, discografia, etc).

  • O diagnóstico da dor cervical ou dor no pescoço nem sempre é fácil e é fundamental a correspondência dos achados clínicos com os exames apresentados. Seu especialista em coluna poderá esclarecer melhor para você na consulta.

 

Quais as opções de tratamento para a dor cervical / dor no pescoço?

  • Em primeiro lugar, saiba que a maioria dos casos de dor cervical são tratados clinicamente com medicações e medidas de correção postural.

  • Na maioria das vezes o objetivo é aliviar a pressão na coluna cervical e o espasmo muscular.

  • Colares cervicais podem ser utilizados por poucos dias para limitar o movimento e permitir conforto e melhora do processo inflamatório muscular.

  • Os medicamentos podem ser usados de acordo com a indicação de seu médico. Dependendo da causa da dor, podem ser prescritos: analgésicos simples, antiinflamatórios, relaxantes musculares, corticoides e analgésicos mais potentes.

  • Muitas vezes a fisioterapia é incorporada no plano de tratamento. Formas passivas como calor, ultra-som, TENS e massagem pode ajudar a aliviar a dor e a rigidez em alguns casos. Exercícios de fortalecimento após a melhora da dor podem ajudar a estabilizar a coluna e evitar novas crises. Os fisioterapeutas também são muito importantes para educar o paciente sobre sua condição e ensinar a correção da postura e técnicas de relaxamento e estabilização muscular.

  • Em alguns casos de dor recorrente e até mesmo dificuldade em realizar a reabilitação motora, podem ser realizadas injeções de medicações na coluna, como bloqueios foraminais, bloqueios facetários e rizotomias por radiofrequência. São procedimentos minimamente invasivos e paliativos para o controle da dor e auxílio no trabalho de reabilitação. Todos esses tratamentos sempre devem ser indicados por um médico após o correto diagnóstico do problema.

 

Cirurgia da Coluna Cervical, quando é necessária?

  • Grande parte das condições dolorosas resolvem com o tratamento clínico. As indicações para uma cirurgia são: deficit neurológico progressivo, presença de mielopatia cervical (distúrbios para deambular, reflexos alterados, fraquezas, etc), dor intensa e intratável clinicamente, fraturas instáveis, tumores, entre outras.
    O tipo de procedimento cirúrgico depende da necessidade do paciente. O cirurgião considera a história médica do paciente, idade, condição física geral, ocupação e outros fatores. O seu médico especialista em coluna irá explicar minuciosamente suas opções de tratamento cirúrgico caso seja o caso.

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